Dia Mundial da Prematuridade

"Ser Mãe de um bebé prematuro, é ser apanhada de surpresa..."

"Felizmente chorou assim que nasceu e esse som, estridente e vigoroso, abriu novas esperanças."

"Ser enfermeira em cuidados de saúde primários de prematuros ... é um desafio!"

Nascem anualmente 15 milhões de prematuros, ou seja 1 em cada 10 bebés nasce prematuro.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), em Portugal a prematuridade é de cerca de 8% e a prevalência de prematuros abaixo das 32 semanas de 1,2%. As crianças que nascem antes das 28 semanas de gravidez têm uma sobrevivência de 70%. Já as que nascem antes das 30 semanas, têm uma taxa de sobrevivência de 80%.

Os avanços tecnológicos aliados ao conhecimento científico têm permitido a sobrevivência de recém-nascidos de idades gestacionais cada vez mais baixas, sendo a redução da morbilidade um dos objetivos major em neonatologia. A taxa de mortalidade neonatal é de 1,8/1000 nados vivos o que coloca Portugal no 9º lugar entre 162 países, sendo o nosso país considerado um bom local para nascer e crescer.

A duração normal de uma gravidez é de 37 a 42 semanas. Um bebé que nasça antes das 37 semanas de idade gestacional, é considerado um bebé prematuro ou pré-termo.

O bebé prematuro nasce com uma imaturidade dos seus órgãos e sistemas (respiração, controlo da temperatura, digestão, metabolismo, etc.), o que o torna mais vulnerável a determinadas enfermidades e, também, mais sensível a determinados fatores externos (como sejam a luz e o ruído). Os principais problemas médicos dos recém-nascidos prematuros estão relacionados com a sua imaturidade respiratória e metabólica. A pele é também mais fina que a do recém-nascido de termo.

Fora do útero materno, antes do tempo, os prematuros enfrentam uma série de desafios que os colocam em risco acrescido de não sobreviverem e de alterações do neuro desenvolvimento.

"Tal com a maioria dos grandes prematuros a nossa filha precisou de ventilação artificial e cuidados intensivos. Foram semanas intensas, carregadas de incerteza, com avanços e recuos e, apesar de profissionalmente conhecermos este processo não foi fácil."(mãe)

O bebé prematuro pode classificar-se, segundo a idade gestacional, em:

Pré-Termo Limiar: nascimento entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1500g e 2500g.

Prematuro Moderado: nascimento entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1000g e 2500g.

Prematuro Extremo: nascimento antes de ter completado as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000g. Como consequência desta maior imaturidade, é classificado como grande prematuro e apresenta problemas mais frequentes e mais graves.

Um bebé prematuro é um bebé de:


Pequeno tamanho;

Baixo peso;

Pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por lanugo (penugem fina);

Pouca gordura sob a pele, visualizando-se as veias;

Cabelo escasso;

Orelhas finas e moles;

Cabeça grande e desproporcional em relação ao resto do corpo;

Músculos fracos e atividade física reduzida (ao contrário de um lactente de termo, um lactente prematuro tende a não elevar os membros superiores e inferiores)

Reflexos de sucção e de deglutição fracos ou inexistentes;

Respiração irregular.

Factores de risco...

"No nosso caso o nascimento prematuro da nossa filha foi uma realidade que nos foi comunicada com algumas semanas de antecedência pois os problemas de saúde surgiram precocemente na gravidez. Porém, na maioria dos casos, o nascimento prematuro de uma criança ocorre de forma inesperada, é difícil gerir os sentimentos e pode provocar dificuldade de aceitação da criança que não corresponde ao que idealizámos." (mãe)

Antecedentes maternos

  • Problemas ginecológicos, tais como malformações uterinas, fibromiomas ou Insuficiência cervical (fraqueza do colo do útero);
  • Antecedentes de partos pré-termo anteriores ou abortos de repetição;
  • Idade da mãe (menor de 18 anos e maior de 35 anos).
Causas relacionadas com a gravidez

  • Hipertensão arterial e suas complicações;
  • Hemorragias vaginais;
  • Rutura prematura de membranas (rebentamento das águas);
  • Trabalho parto prematuro e espontâneo;
  • Atraso de crescimento intrauterino;
  • Infeções urogenitais ou sistémicas (pneumonia, pielonefrite ou apendicite aguda);
  • Diabetes;
  • Malformações do feto;
  • Técnicas de reprodução assistida que resultam em gravidez múltipla;
  • Acompanhamento pré-natal inexistente ou tardio.

Outros fatores

  • Stress materno crónico;
  • Má nutrição por parte da mãe;
  • Hábitos pouco saudáveis e consumo de tabaco, álcool e drogas;
  • Violência doméstica e acidente por impacto;
  • Carências sociais e económicas.

Cuidados de saúde

É importante tomar consciência que um bebé prematuro não é apenas um bebé pequeno, que muitas vezes cabe na palma de uma mão e que nasce antes do tempo. Um bebé prematuro é efetivamente pequeno, mas apresenta sobretudo imaturidade ao nível de todos os órgãos do seu corpo.

A necessidade de acompanhamento destes bebés não se esgota com o internamento. Em muitos dos casos, dependendo da idade gestacional com que o bebé nasce e/ou dos problemas que se tenham verificado durante o internamento, o acompanhamento ao nível da saúde mantém-se até cerca dos 5/6 anos ou até que a criança necessite.

Receber um bebé prematuro nos cuidados de saúde primários também se torna um desafio para o médico da família e para o enfermeiro.

Ser enfermeira é um desafio constante e uma constante procura de conhecimento. Estar perante um prematuro é um desafio e uma responsabilidade ainda maior! Implica a procura de conhecimento na área, para prestar os melhores cuidados à criança, bem como para tranquilizar e apoiar os pais numa fase, por vezes, tão cheia de incertezas, dúvidas, preocupações,... Estes bebés e as suas famílias são de facto um exemplo de luta, de esperança, de amor.(enfermeira)

"O acompanhamento em continuidade pela mesma equipa de profissionais permite detetar precocemente problemas quer de natureza clínica quer social. Ter tido uma enfermeira de Família e Secretária Clínica poderia ter ajudado a estar confiante aumentando a acessibilidade e ajuda noutras competências como a área da alimentação e outros cuidados preventivos. Contudo, gostaria de chamar a atenção para o facto da equipa de saúde não se substituir aos pais." (mãe)

Crescimento e desenvolvimento

"Mas ser mãe de prematuro é ter a "paranóia" do peso... Ganha... Perde... É horrível e dá vontade de comprar uma balança para o poder estar sempre a controlar. A par disto, o meu maior medo era como seria o seu desenvolvimento"(mãe)

Crescimento

É difícil prever o crescimento do bebé prematuro porque o crescimento é um processo complexo, contínuo e que resulta da interação de fatores genéticos, nutricionais, hormonais e ambientais. Caso se trate de prematuros de extremo baixo peso, estes têm a agravante de serem privados de um período de crescimento intrauterino crítico e acelerado, o 3º trimestre de gestação.

Para os familiares, a preocupação inicial é o peso da criança e depois, na idade escolar, a estatura. Mas, para o médico, é sempre importante a harmonia do crescimento.

Reconhece-se que o crescimento e o desenvolvimento não será igual a um bebé de termo. E aqui surgem as primeiras dificuldades e a procura de conhecimento. As curvas de percentis terão de ser necessariamente diferentes das curvas presentes do boletim individual de saúde. Há que calcular a idade corrigida do bebé e acompanhar o seu desenvolvimento e crescimento tendo em conta estes aspetos. (enfermeira)

Desenvolvimento

Também é difícil prever o desenvolvimento, pois este também depende de uma complexa interação de fatores biológicos (está mais relacionado com a idade gestacional do que com o peso à nascença) e ambientais, que atuam no cérebro imaturo e vulnerável destas crianças. Por outro lado, existem fatores como a participação ativa dos familiares e o temperamento da criança que podem modular o prognóstico e ajudar a criança a superar as suas dificuldades e a ter boa qualidade de vida.

"Apesar de prematuro não acho que seja um bebé pouco desenvolvido. Tinha muito medo que ele se atrasasse ao sentar... ao gatinhar... ao andar... ao falar.... Mas estas situações são diferentes em todos os bebés. Cada bebé tem o seu tempo." (mãe)

Não se pode exigir que um bebé prematuro atue como se fosse um bebé de termo. Por isso, é preferível pensar no desenvolvimento do bebé tendo em conta a sua "idade corrigida". A "idade corrigida" é igual à subtração do número de meses de prematuridade e a idade atual do bebé. A "idade real" ou "idade cronológica" é o tempo de vida extrauterino. A "idade corrigida" traduz o ajuste estabelecido face à idade cronológica, em função do grau de prematuridade.

Por exemplo, se o bebé tem 7 meses de idade e se nasceu 3 meses antes do tempo, a sua "idade corrigida" será de 4 meses de idade. O bebé terá tendência para atuar como se fosse um bebé de termo nascido há 4 meses atrás.

Embora não esteja totalmente esclarecido até quando se deve corrigir a idade do prematuro, a maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento e do desenvolvimento até os 2 anos de idade, a fim de obter a expectativa real para cada criança, sem subestimar o prematuro ao confrontá-lo com os padrões de referência. Para os prematuros de extremo baixo peso e menores que 28 semanas, recomenda-se corrigir a idade até aos 3 anos.

Os pais...

A presença dos pais é fundamental em todo o processo. A investigação aponta para que essa proximidade possa contribuir não só para o bem-estar do bebé, mas também para a sua recuperação. Toda a vinculação estabelecida nesta fase parece aumentar os resultados mais positivos. As experiências sensoriais com os pais e o respeito pelo bebé prematuro na sua condição fisiológica por parte dos profissionais parecem melhorar a condição final destes bebés.

Ser Pai e Mãe prematuros é permanecer de colo vazio durante mais de um mês e com o coração em sobressalto durante pelo menos mais 6 anos. Esta situação tem diversas implicações sobretudo a nível psicológico.

"A nossa filha foi a primeira bebé prematura na família e desde os avós aos mais pequenos a felicidade do seu nascimento foi vivida com alegria participativa. Receosos no primeiro contacto mas nem por isso deixaram de lhe pegar ao colo, confortar, tocar." (mãe)

Acompanhar os pais neste processo implica proximidade, esclarecendo, tranquilizando e reforçando cada passo, cada grama que o bebé ganha... (...) O enfermeiro de família é sem dúvida um pilar para a família que esperou com ansiedade o nascimento do seu filho, mas que não o esperava tão cedo! (enfermeira)

Pais e bebés prematuros travam grandes batalhas durante todo este percurso e são por isso designados carinhosamente por guerreiros.

Costumo dizer "O futuro a Deus pertence mas cada um é o obreiro da sua própria caminhada".

Ao nascer prematura o futuro é algo distante e toda a incerteza vivida nos primeiros tempos faz com que nos preocupemos mais com o imediato. Inicialmente foi o respirar sozinha, o alimentar-se para depois surgirem outras dúvidas que nos assolam mais condicionadas à parte neuromuscular: Será que vai sentar-se, andar, falar como as outas crianças?

Estes receios condicionam a que cada aquisição seja festejada de uma forma mais intensa e conduz a uma superprotecção que se repercute ao longo dos primeiros anos e talvez para toda a vida. (mãe)

Podem ser pequenos em tamanho, mas são gigantes em determinação!


Para quem estiver interessado veja aqui os testemunhos na integra:

Fontes: ttps://www.spneonatologia.pt/documents/consensuses/;https://www.spneonatologia.pt/documents/consensuses/;https://www.spp.pt/; https://www.xxs-prematuros.com/index.html

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